Mas uma provocação para uma pessoa arrogante só serve para se sentir no direito de ignorar a realidade :
Minuterias
Um compêndio desordenado e bilíngûe de idéias desordenadas para a admiração e reflexão dos amantes da literatura, rock, música, religião, ciência, política e afins.
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sábado, 24 de janeiro de 2015
Pequena crônica tweetônica de um cético arrogante
Mas uma provocação para uma pessoa arrogante só serve para se sentir no direito de ignorar a realidade :
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
Moisés é o cara da vez
'Ei Moisés, conversa com a sarça agora que ela vai responder !' |
- o bebê abandonado é resgatado das águas.
Isso já nos lembra de outros dois heróis que sofrem tentativas de assasinato e são salvos ainda bebês: Jesus e Zeus. Antes de ficar zangado por ter falado 'herói', lembremos que a concepção antiga do termo era 'filho de um deus e um humano', e em termos coloquiais os tres são heróis para os seus povos.
E antes de falar que estou misturando as coisas, vamos misturar mais ainda e lembrar de outro herói, Krishna, que também se livrou da profecia onde tentaram matá-lo assasinando todos os meninos, e essa é uma das várias semelhanças entre Jesus e Krishna. Os dois são encarnações do deus, os dois são concebidos sem união sexual, e assim vai...
- politeísta: os outros deuses existiam, mas não eram páreo para o deus mega blaster hebreu -aliás, esta seria a explicação oficial da estória
- monoteísta: (eu diria maniqueísta, a obsessão da luta entre o bem e o mal): os outros deuses não existiam, eram facetas do deus do mal, ou capeta, ou seja lá o for que o inimigo do deus verdadeiro. Esta seria a interpretação que imagino mais razoável atualmente de quem se considera monoteísta ou evangélico ferrenho, mas contradiz a Biblia, que cita muitos outros deuses
- cético: nenhum do deuses existiam mas a narrativa dos dois lados precisava de deuses para colocar a responsabilidade nos atos humanos. Esta seria a explicação que alguém não judeu ou não cristão pode dar aos acontecimentos narrados (sempre pelo Torá, ou Êxodo no Velho Testamento, que em definitiva são textos baseados nas mesmas narrativas)
Existem outras mais ousadas, como extraterrestres interferindo nos nossos mundanos assuntos, mas acho eles muito mundanos para que uma raça alienígena navegue zilhões de kilómetros por zilhões de anos para colocar uma luz de neon atrás de um arbusto, falar com um cara de túnica e cajado no meio do deserto e deixar com ele umas leis mais do que básicas, só porque eles são os escolhidos e os outros não!
O Alckmin iria multar Moisés, olhar para a cara dele e dizer: "se economizar, não vai faltar!" ! |
Veja bem: na antiguidade, holocausto era o sacrifício pela cremação de um animal a um deus. Há referências no Velho Testamento descrevendo holocaustos. Depois a palavra passou a se associar a uma grande catástrofe, associado hoje ao holocausto judeu pelo regime nazi.
Vamos perguntar para a traça se ela roeu 'faraó' ou 'pão de ló' |
Mas Moisés não, passou a ser o herói de um povo cheio de estórias, reduzidas a façanhas de um deus só.
Tudo o que aconteceu a um povo em 700 anos ficou concentrado em um só herói , o mesmo que Hollywood vai novamente explorar como faz de vinte em vinte anos.
E se Moisés existisse hoje em Sampa ?
Resgatado do Tietê já seria um mega milagre, mais provável seria ser filho de nordestinos (os escravos dos nossos faraós de hoje), abandonado embaixo do banco de um ônibus de periferia, que é o nosso rio Nilo, chegaria até a porta de uma dondoca tipo Marta Suplaca que cuidaria dele como o seu filho. Frequentaria o Diocleciano ou o Dante junto aos irmãos pó-de-arroz até o dia em que iria ver o tratamento injusto a uma empregada e se solidarizaria com o seu povo.
Não precisa sarça ardente, pode ficar embasbacado olhando as luzes numa rave e ouvir a voz do DJ atrás dela, que seria a voz do DJ verdadeiro, ou talvez a voz de Marx (não o Groucho de bigode, eu digo o de barba).
Ameaçaria levar de uma vez os trabalhadores todos que levantaram a cidade para a terra prometida (ou Porto de Galinhas tudo pago) mas sendo ameaçados de abandono de emprego, lançaria uma advertência: ou deixam o pessoal ir tudo pago ou virão as pragas :
- primeiro viriam os golpes no dedo mindinho em cada quina e cada cômoda (by @pirula) a chamada maldição bíblica do dedo maldito!
- se o prefeito continuasse teimando, viriam então os mosquitos! Bom, Pinheiros já está cheio deles, então novamente o prepfeito diria que isso não é obra de um deus;
- então viria a terceira praga: iria cair a internet, mas só em Higienópolis, Moema e Paulista, que é para mostrar que é pessoal.
Depois de suicídios em massa e caos em Guarulhos, o prefeito iria começar a ceder: 'tá bom, mas melhor tudo mundo para Recife, e cada um procura a sua turma'.
'Negativo' diria nosso Moisés moderno, 'já disse que é Porto de Galinhas e tudo pago, ou pensa que só tu pode, hein? '
E para deixar claro que no fundo o deus verdadeiro é um deus malévolo, misteriosamente todos os times da cidade levariam 7 a 1 em cada partida até serem rebaixados.
Série 'B' nãããããããão ! |
Aí a catástrofe seria completa e finalmente a cidade cederia com gosto, depois dessa não precisa nem de dez pragas...
domingo, 9 de novembro de 2014
Taca-le pau Meme Véio !
Evocaram a simplicidade da nossa infância.
Essa infância que se perdeu e que queremos relembrar acaba por ser evocada no vídeo, foi assim que filmaram e postaram algo simples e divertido, evocado por milhões saudosistas de tempos de brincadeiras simples de criança.
E daí o menino Leandro virou mais um meme da internet para o mundo, e se alguém precisa mostrar a sua coragem ou começar um trabalho desgastante, já surge o 'Taca-le pau, fulano de Tal!'.
Leandro e Marco, o narrador e o corredor, foram parar em rodeios e televisões, rádios e churrascarias, junto com apresentadores famosos que os olham e podem se admirar dessa simplicidade, enquanto a contaminam o suficiente para nos deixar pensando que simplicidade teria tudo isso.
É um pouco patético mas quando as visualizações cresceram e as redes sociais criaram sua caracterização, os programas de televisão que vivem de Ibope tentaram seqüestrar a simplicidade dos garotos. Não que consigam pois os garotos são tímidos de verdade, então imagino que o Galvão não conseguirá muito mais do que uns 'taca-le pau' aqui e ali.
Há os memes 'bonitinhos' que se propagam pela 'boniteza', minions fofinhos, gatinhos, taca-le paus engraçados.
sábado, 18 de outubro de 2014
Vote em quem achar melhor, mas isso é só o começo !
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
De contornos
Porque alguien que lo mira de afuera diría que son manchas, borrones. Mal se puede ver que habríamos salido de la escuela, que tenemos los uniformes. Pero reconocí a varios, seguro ese es D. con sus rulos morenos y sonrisa fácil, el otro que saluda debe ser G. Ese tipo de pareidolia, es decir, la capacidad human innata en reconocer rostros através de poquísimas informaciones, de esta vez es útil. Cuando nos hace ver una cara en las sombras de montañas de arenas de Marte, eso nos confunde. Pero ahora no. Ahora es vital para reconocer el escudo del Numen, o a M.G. haciendo una pirueta, o los rulos de D.
D. vivía tan cerca de la escuela que su casa hacía pared con ella. Si estuviésemos bien atentos, a la tarde conseguíamos tomar la leche, escuchar el timbre, salir corriendo y llegar al patio para la formación. Llegué a hacerlo una vez con él y Damián. A. dijo que otra vez también lo hizo. Pero era demasiado arriesgado para intentarlo nuevamente.
Una vez en Yerbal alguien se cayó o se tiró del tren. No osamos interrumpir la clase, pero en el recreo ese fue el tema principal.
Yo no fui al teatro Colón en la excursión. A la tarde, en casa, muy cansado, dormí más de la hora, acabé llegando tarde. Y no podía salir de la escuela, tuve tres o cuatro horas de angustia, solo entre las salas vacías. Lamento decir que ese recuerdo me persiguió en sueños varios años asociándose a un tipo de soledad obligada que me es indescriptible.
Yo fui la referencia de matemática para un buen grupo de alumnos. Pero quién realmente sabía era G. Hasta hoy me enorgullezco solo de cómo consigo explicar por qué Pi es 3,1416... aprendiéndolo con vasitos, tapitas y un cordón. Las verdades más honestas de la matemática necesitan ser enseñadas así.
En las clases de natación esperábamos aquel grito de libertad "PILETRA LIBRE!" para saltar como peces que se escapan del anzuelo vil del pescador.
Aún así, despúes de casi treinta años, debemos admitir que nuestros recuerdos son casi más borrosos que esas sombras de chicos bailando. Y peor: donde no vemos, husmeando entre nuestras memorias, los hemos rellenado de nuestra imaginación, interpretación, dudas, semi-recuerdos de cosas que nos contaron y las que realmente vimos... por ejemplo, yo realmente vi a J.P. cuando lo pusieron dentro de los neumáticos y no pudo salir y se armó una batahola. Realmente lo vi ? Mientras veo los borrones, mis recuerdos se hacen nítidos, pero al mismo tiempo desaparecen los contornos imaginarios que les hice por decenas de años.
No pude reconocerme. Algo me dice que no estoy ahí, pero me busco, me busco intentando acordarme dónde estaría, qué ropa tendría, que podría estar haciendo.
Quién era hace treinta años ? Qué es lo que tengo de ello además de un borrón ? Y cuándo conseguí definirme, cuándo conseguí los contornos ?
quarta-feira, 12 de julho de 2006
Ticket
Todos nós estávamos na mesma situação de espera, de paciência. Mas ele não: ele e suas mãos limpas, claras, ossudas, tinham que ter prioridade. Pareceu emprestar autoridade à sua personalidade irritante mas a moça deve ter dito algo como 'não posso, senhor, sinto muito', enquanto apertou um sorriso falso que indica claramente que 'sinto muito' deve ser interpretado como 'o problema é seu, idiota', embora a moça não possa dizer isso porque A Companhia não permitiria. Ele agradeceu com alguma careta desagradável e lhe devolveu um aceno com a cabeça.
Apertou o seu ticket no bolso e caminhou uns passos passeando os olhos entre o chão e as janelas amplas e vazias. A sua genialidade deveria ser alguma característica tão ínfima, tão pouco acima da média, que era quase igual a todo o mundo. Talvez por isso a sua insistência, a sua irritação algo confusa e alarmante, como se ficar a um passo da nossa pobre existência o fizesse recordar um passado não tão remoto.
É possível que nos gramados, ou no palco, essa aparente ínfima diferença seja responsável por um resultado espetacular, rimbombante, glorioso, trinufal, épico, ele e suas malditas mãos ossudas. Mas aqui não. Aqui engoliria o ticket e teria que fazer a mesma cara vazia que a nossa.
A minha mediocridade sorriu.
domingo, 18 de junho de 2006
Matemática das cítaras estrambóticas
Um dos rituais mais esquisitos dos nativos de Hi-Brazil é o julgamento dos tocadores de cítara estrambótica. O ritual é uma avaliação para determinar se o tocador será adorado ou castigado; se adorado, pedem seu rabisco em folhas de bananeira, lhe oferecem daikiris de amarula e belas mulheres para amaciar seu umbigo. Se castigado, é pisoteado até a morte pelos furiosos elefantes vesgos da crítica musical, ou vai para a poça de lama mais próxima. E é esquecido lá.
( R * C ) K (R vezes C elevado a K)
onde R é o número de riffs de cítara bem concluídos, C é a quantidade de codas com algum conteúdo relevante, e K é o coeficiente de IMPRO, ou Índice Maleável de Punheta Relativamente Oca. Sendo que a multiplicação de R por C é elevada a K, este é o coeficiente mais importante para saber se o tocador de cítara estrambótica será colocado no coqueiro com vista para o mar ou jogado para a poça de lama fedorenta para ser ritualmente pisoteado.
E é desse jeito que todo tocador de cítara estrambótica recebe um número resultante da fórmula; Seven Vaias ou Ken Glichors da banda ‘Krigga e seus Bundolos’ recebem notas altas como 738 ou 821, enquanto outros com taxas IMPRO estatisticamente baixas como Robert Grippos ou Eric Claxton recebem só 24.
Mesmo assim os nativos de Hi-Brazil parecem se divertir mais no seu julgamento do que ouvindo a cítara estrambótica. Matemática simples.